Com a proximidade dos nomes já sugere, Percy (vivido por Logan Lerman) terá à sua frente uma jornada similia àquela de Perseu na mitologia grega: enfrentar meia dúzia de criaturas antropomórficas para completar uma missão. No caso de Percy, a tarefa é devolver a Zeus, deus maior do Olimpo, um raio misteriosamente furtado. Na prática, o objetivo é impressionar o pai - essa missão típica, que se abate sobre os heroicos primogênitos na hora de provar seu valor.
Conscientemente, Percy Jackson e o Ladrão de Raios adapta para os dias de hoje a ordem antiga, então temos uma série de atualizações espertinhas ou previsíveis: o sátiro com pernas de bode se torna o personagem-negro-para-fins-de-alívio-cômico, a entrada para Hades é em Hollywood, a tribo dos lotófados fica em Las Vegas, o deus do inferno é um roqueiro inglês, os pés alados de Hermes viram um All-Star, Percy usa o lado espelhado de um iPod para enxergar a Medusa, além do Olimpo, morada dos Doze Deuses, virar o Empire State Building em Nova York. O filme, é bem filmado por sinal. Mesmo com um roteiro ultra-conservador, dividido em três atos (apresentação dos personagens, desenvolvimento e conclusão), além dos pontos de virada que dão nova vida à trama, Percy Jackson e o Ladrão de Raios tem ritmo, habilidade em envolver e efeitos especiais que despertam a fantasia. Isso para quem não leu a série e apenas assistiu o filme procurando uma boa história. Para quem leu a obra literária, dez entre dez pessoas concordam que é decepcionante sua adaptação.
Enquanto no livro o personagem é um, na adaptação cinematográfica o trombadinha é outro completamente diferente. E isso, apesar de parecer um mero detalhe ás vistas grossas, torna-se fundamental para todo o enredo do filme. Outros personagens essenciais foram simplesmente esquecidos, assim como outros detalhes absurdamente alterados. Outro detalhe à título de curiosidade: no livro, Percy Jackson e Annabeth têm doze anos cada. No filme, ambos possuem dezessete e já dão indícios de um novo romance (sendo que na série literária os dois só dão indícios de romance visíveis no quarto livro da série, Percy Jackson e a Batalha do Labirinto). Além disso, analisando friamente o roteiro, podemos perceber alguns furos primários, independentemente da adaptação literária. Lamentável.
Em suma, Percy Jackson e o Ladrão de Raios é um bom filme, com efeitos especiais bem trabalhados e uma história contagiante para aqueles apaixonados por história (e para aqueles que já sentem falta de outro raio, aquele presente na testa de um certo bruxinho...). No mais, para quem já leu o livro, não aguardam muita coisa. Tenho certeza de que a indignação será a mesma.
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